VISITA AO SHEOL

Fui ao inferno e revi meus demônios.

De todos, um me chamou a atenção

Não estava com garfos ou coisa assim

Ele trajava calça jeans, tênis marrom de camelô

E uma blusa branca com um coqueiro estampado.

Seria ele brasileiro, ou era só a minha chegada?

Ele desfilava na minha frente

Como se dissesse: me olha, me coma (engula sem mastigar).

Virei o rosto, procurei por alguém que me orientasse

Nessa viajem ao Sheol sobre o mundo.

Encontrei um anjo caído, Guilherme.

Tentei me aproximar, até troquei meia dúzia de palavras com ele,

Mas o demônio de calça jeans o puxou pelo braço e disse que ele o pertencia.

Era seu lugar. Somente me desfiz em pensamentos chulos

A respeito deles e de outros mais.

Demônios jovens, doutorando. Demônios nós.

E mesmo que me machuque, que no início me doa.

“Eles passarão, eu passarinho”